Agora
você está iniciando a leitura deste artigo. Você já parou para analisar como
isso é possível do ponto de vista biológico? O que está permitindo a você
observar essas palavras, processá-las e entendê-las? Saiba que tudo isto está
relacionado à intensa atividade do Sistema Nervoso, e que este possui uma
estrutura histológica característica. Vamos entender um pouco sobre o tecido
nervoso, especificamente sobre o neurônio e a sinapse.
O Tecido Nervoso está distribuído ao
longo do corpo, formando uma rede de comunicações que constitui o Sistema Nervoso.
Anatomicamente, o Sistema Nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central,
formado por encéfalo e medula espinhal e Sistema Nervoso Periférico, formado
por nervos e gânglios nervosos. O tecido nervoso apresenta dois tipos
principais de células: neurônios e células da glia.
Os neurônios possuem uma propriedade
chamada de excitabilidade, ou seja, são capazes de responder a estímulos. Esta
propriedade é possível graças a modificações do potencial elétrico entre as
superfícies interna e externa da membrana celular. Os neurônios possuem uma
morfologia complexa, sendo formados por três componentes principais: corpo
celular ou pericário, dendritos e axônio.
O corpo celular possui função
receptora e integradora de estímulos. Contém o núcleo do neurônio de formato
esférico com cromossomos bastante distendidos. No citoplasma, encontra-se
abundante quantidade de retículo endoplasmático rugoso, especialmente nos
neurônios motores. Próximo ao núcleo, localiza-se o conjunto cisternas do
aparelho de Golgi. Em determinadas regiões do Sistema Nervoso, o corpo celular
pode apresentar pigmentos como melanina e lipofuscina.
Os dendritos são prolongamentos ramificados da célula que ampliam
a superfície celular, sendo especializados em receber e integrar impulsos. O
citoplasma é semelhante ao do pericário, porém, os dendritos não apresentam
aparelho de Golgi. Pequenas projeções dos dendritos, chamadas gêmulas, recebem
e processam inicialmente os impulsos nervosos.
O axônio é uma expansão celular de comprimento e diâmetro
variáveis, sendo que cada neurônio possui apenas um único axônio. É uma
estrutura especializada na transmissão de impulsos nervosos para outros
neurônios ou para outros tipos celulares, como as células de órgãos efetores
(musculares e glandulares). O impulso nervoso é sempre transmitido no sentido dendrito
– corpo – axônio.
Vamos observar a representação de um neurônio típico:
Um
impulso nervoso é transmitido por meio das sinapses, locais de contato entre os
neurônios ou entre os neurônios e outras células efetoras (músculos, glândulas).
A sinapse transforma um sinal elétrico em um sinal químico, por meio da
liberação de neurotransmissores. A maioria dos neurotransmissores são
aminoácidos ou peptídeos, que são sintetizados no corpo do neurônio e
armazenados em vesículas sinápticas. Resumidamente, a sinapse consiste das
seguintes etapas:
1. A
membrana de um neurônio em repouso possui um potencial elétrico negativo do
lado interno (em contato com o citoplasma da célula) e carga elétrica positiva
do lado externo (voltado para fora da célula). As cargas elétricas estabelecem
uma energia elétrica potencial através da membrana: o potencial de membrana ou
potencial de repouso (diferença entre as cargas elétricas através da membrana).
2.
Quando estimulado, os canais iônicos abrem-se e ocorre influxo de íons Na, tornando o potencial de repouso positivo (+30
mV). A modificação deste potencial elétrico chama-se potencial de ação.
3.
Há o fechamento dos canais de Na e impermeabilidade a este íon. Com a abertura
de canais de K, restaura-se o potencial positivo da membrana.
4. O
potencial de ação propaga-se ao longo do neurônio. As alterações elétricas
abrem canais de sódio vizinhos e em seguida, abrem canais de potássio. Assim, o
potencial de membrana propaga-se rapidamente ao longo do axônio.
5.
Quando o impulso nervoso chega a terminação do axônio, são liberados por exocitose
os neurotransmissores. Exocitose é o transporte de uma substância do interior
da célula par ao meio intracelular. Uma vesícula citoplasmática contendo o
material a ser secretado desloca-se para a periferia da célula tocando a
membrana plasmática e expulsando o conteúdo do interior da vesícula. A maior
parte dos neurotransmissores são peptídeos sintetizados no compartimento
pré-sináptico. Os neurotransmissores após serem liberados na fenda sináptica
irão combinar-se a proteínas receptoras que irão abrir ou fechar canais iônicos,
desencadeando uma cascata molecular na célula pós-sináptica.
6. O
neurotransmissor difunde-se através da fenda sináptica e liga-se a receptores
da membrana plasmática da célula pós-sináptica, o que irá causar a transmissão
do potencial de ação.
Exemplo de sinapse entre
axônio e célula muscular. Ao chegar à terminação do axônio, os
neurotransmissores são liberados na fenda sináptica, ligando-se a receptores
específicos na célula pós-sináptica (célula muscular).
Vamos
observar o vídeo sobre sinapse. Observe que a despolarização do neurônio e a
passagem do impulso nervoso. Na fenda sináptica ocorre a liberação de
neurotransmissores.
REFERÊNCIAS:
JUNQUEIRA
L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2004.
Corrigido por: Profª Dra. Michelli Dietrich M. Costa
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