sábado, 22 de junho de 2013

Laboratório de Ensino:

Resenha Crítica: da leitura ao pensamento de postura

 

Sabemos que o desenvolvimento do hábito de ler é um dos objetivos principais da educação brasileira, que advém previamente da apropriação devida da linguagem e da escrita.

Quem está acostumado a ler com frequência passa a escrever bem, desenvolve o raciocínio, a articulação da linguagem e estimula a imaginação e criatividade. Mas para que esse processo ocorra como o esperado, o aluno em seu processo de formação precisa realizar algumas atividades de escrita, sendo uma delas a capacidade de síntese de resumos, em particular, um resumo com críticidade, que é a exposição da visão do autor do resumo sobre o filme ou livro.

Baseado nessa temática, abaixo trazemos um artigo que expõe o perfil do professor sob a ótica de Paulo Freire, e a contribuição do ato de ler nessa formação:

 

Formação reflexiva

por: Bruna Nicolilelo

Entre 1995 e 1996, como diretora pedagógica do Colégio Poço do Visconde, em São Paulo, tive o privilégio de travar discussões sobre o planejamento, a avaliação e o processo de formação do professor democrático com meu pai, o educador Paulo Freire (1921-1997). Ao longo dos nossos encontros, discutimos o quanto seria importante ele escrever um livro que fosse diretamente voltado à formação do professor. Por isso, ouso dizer que a ideia da obra Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa (148 págs., Ed. Paz e Terra, tel. 11/ 3337-8399, 10 reais) esteve atrelada, em certa medida, a esses encontros. O fio condutor dos três capítulos é o processo de formação do educador democrático, cujo objetivo, afinal, é a conquista de sua independência, como também a do aluno.
A obra, a última de Paulo Freire em vida, é um convite apaixonado e intenso a todo profissional que aspira ser um educador crítico e autor do seu processo de formação. Ele deixa claro que os saberes necessários à prática docente, problematizados ao longo do livro, estão todos ancorados na sua forte convicção de que a Educação é um processo humanizante, político, ético, estético, histórico, social e cultural. Por outro lado, esses saberes denunciam a necessidade de o professor assumir-se um ser pensante. Curioso, que duvida e faz da sua fala um aprendizado de escuta. Humilde, que, embora se reconheça condicionado por circunstâncias sociais, econômicas e culturais, não é um ser incapaz de gestar transformações. Competente, que estuda, se prepara e tem o domínio do conteúdo que ensina. Por fim, generoso consigo próprio para que o possa ser com o aluno. Em razão do meu envolvimento nas discussões que levaram à produção da obra, recebi de meu pai um convite para escrever o prefácio do livro. Infelizmente naquele momento, não fui capaz de aceitar, pois não me sentia suficientemente preparada. Lembro-me ainda hoje da forma generosa com a qual ele acolheu a minha incapacidade de dar conta do desafio.
Anos se passaram e fui convidada a resenhar a obra para NOVA ESCOLA, o que me permite escrever hoje o que não consegui escrever ontem, tendo a chance, portanto, de ressignificar a experiência.
TRECHO DO LIVRO
“Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser tal modo concreto que quase se confunda com a prática. O seu ‘distanciamento’ epistemológico da prática enquanto objeto de sua análise, deve dela ‘aproximá-lo’ ao máximo. Quanto melhor faça esta operação tanto mais inteligência ganha da prática em análise e maior comunicabilidade exerce em torno da superação da ingenuidade pela rigorosidade. Por outro lado, quanto mais me assumo como estou sendo e percebo a ou as razões de mudar, de promover-me, no caso, do estado de curiosidade ingênua para o de curiosidade epistemológica. Não é possível a assunção que o sujeito faz de si numa certa forma de estar sendo sem a disponibilidade para mudar.”
FÁTIMA FREIRE DOWBOR, autora desta resenha, é pedagoga formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e consultora pedagógica.
*Matéria publicada na edição de maio da revista Nova Escola.

Após lerem a proposta escolar de Paulo Freire e a exemplificação de resenha acima, questionamos: como vocês, futuros professores, poderiam através do ensino de Ciências e Biologia, estimularem seus alunos da escola básica a se tornarem mais reflexivos, dinâmicos e autônomos, para que possam relacionar os conteúdos das disciplinas com a realidade atual em que vivemos? – dica: pensem de forma a aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos nas discussões das disciplinas didático-pedagógicas.



Acadêmicos, não esperem as respostas prontas dos professores. Ler é refletir sobre, é libertar a sua própria consciência, é ter opinião e lapidar a personalidade. O aluno precisa exercitar a autonomia e na Universidade tornar-se independente. Busquem os professores, por e-mail, nos Departamentos, nas suas salas, perguntem, questionem, duvidem, corram atrás, e nunca deixem de ler.




Por: Igor Ruan
Revisado por: Prof. Marina Comerlatto da Rosa

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