Membrana Plásmática
Um dos primeiros assuntos a serem
abordados durante o ano letivo na disciplina de Biologia Celular é a membrana
plasmática. É um assunto relativamente simples, mas que pode gerar algumas
dúvidas devido ao grande número de informações acerca de sua estrutura, das
diferenças entre organismos procarióticos e eucarioticos, bem como dos
processos que nela ocorrem. Tentaremos, de forma bem simplificada, resumir as
informações e os conceitos gerais, para facilitar a compreensão.
A membrana plasmática é uma
estrutura que reveste o citoplasma. Sua constituição básica é de fosfolipídios
e proteínas. Os fosfolipídios estão organizados em duas linhas paralelas.
Chamamos esta estrutura de bicamada lipídica.
Figura
1: membrana plasmática vista ao M.E.
Figura
2: estrutura dos fosfolipídios (cabeça: grupo fosfato + glicerol; cauda: ácidos
graxos)
E
por que os fosfolipídios se organizam dessa forma? Devido à sua estrutura
química. Note que eles possuem uma cabeça polar (afinidade com a água) e uma
cauda apolar (hidrofóbica). Isso você já sabe, né? O importante é entender a
consequência disso: em um meio aquoso, havendo várias moléculas de
fosfolipídios, elas tendem a formar estruturas chamadas lipossomos,
"protegendo" as caudas hidrofóbicas do meio aquoso.
Figura
3: lipossomos.
Temos ainda as proteínas, que podem
estar organizadas de diversas formas na membrana, podendo ser classificadas
como periféricas ou transmembrana.
-
Periféricas (3): ficam em uma das superfícies da membrana (interna ou externa).
São facilmente removidas por tratamentos leves. Podem atuar como enzimas
catalisadoras de reações químicas, podem servir como suporte para outras
moléculas ou mediar alterações da forma da membrana durante o movimento. Elas
podem estar diretamente ligadas a um fosfolipídio ou indiretamente, por meio de
um carboidrato (4).
-
Transmembrana: só podem ser removidas da membrana após o rompimento da bicamada
lipídica (por meio de detergentes, por exemplo). Muitas delas funcionam como
canais por onde chegam e saem substâncias da célula. Podem ser classificadas em
unipasso (1) ou multipasso (2), dependendo de quantas vezes sua cadeia
atravessa a membrana.
Figura
4: proteínas na membrana plasmática.
É possível, ainda, encontrar
carboidratos ligados tanto a proteínas da membrana (glicoproteínas) como aos
lipídios (glicolipídios). Tais carboidratos atuam protegendo e lubrificando as
células, e também estão envolvidos nas interações célula-célula e ainda podem
atuar, nas células eucarióticas, como sítios receptores. No caso das bactérias,
as glicoproteínas presentes podem determinar se uma determinada linhagem é ou
não virulenta.
Os fosfolipídios e as proteínas não
estão estáticos na membrana: eles possuem uma certa mobilidade, que permite a
realização de suas funções sem a ruptura da mesma. A esse arranjo dinâmico
damos o nome de modelo do mosaico fluido.
Importante: somente as membranas
plasmáticas de organismos EUCARIONTES possuem esteróis (ex: colesterol) em sua
estrutura (Exceção: Mycoplasma). Esta característica confere uma maior
resistência à pressão osmótica.
FUNÇÕES DA MEMBRANA PLASMÁTICA:
-
Barreira seletiva: a permeabilidade seletiva da membrana permite que algumas
substâncias passem livremente por ela, porém impede que outras façam o mesmo
(ver: movimento de materiais através das membranas);
-
Digestão de nutrientes;
-
Produção de energia.
MOVIMENTOS DOS MATERIAIS ATRAVÉS DAS
MEMBRANAS:
São divididos em processos passivos
(substâncias atravessam a membrana, indo de uma região de alta concentração
para outra de baixa concentração: sem gasto de ATP) ou processos ativos
(substâncias vão de uma área de baixa concentração para outra de alta concentração,
ou seja, contra o gradiente e com gasto de ATP).
Os processos passivos são:
- difusão simples: moléculas ou íons
partem de uma área de alta concentração para outra de baixa concentração até
que seja atingido um ponto de equilíbrio. É utilizado pela célula para
transportar oxigênio e dióxido de carbono.
- difusão facilitada: proteínas
integrais (transmembrana) funcionam como canais, facilitando o movimento das
moléculas.Tais proteínas permitem que pequenos íons atravessem a membrana -
eles não conseguiriam sem o auxílio destas proteínas pelo fato de serem muito
hidrofílicos. As proteínas transportadoras podem ser inespecíficas, permitindo
a passagem de uma grande quantidade de substâncias, ou podem ser específicas
para determinadas substâncias.
- osmose: movimentação de solvente
através de uma membrana seletivamente permeável, de uma área de baixa
concentração de soluto para uma área onde há maior concentração de soluto. Este
processo ocorre por meio de difusão simples através da membrana ou por meio de
aquaporinas (canais de água)
Os processos ativos ocorrem quando a
célula utiliza ATP para mover substâncias através da membrana plasmática. Íons,
aminoácidos e açúcares simples são tranportados desta forma. É um processo que depende de proteínas
transportadoras na membrana plasmática. O movimento ocorre de fora para dentro,
mesmo que a concentração de nutrientes fora da célula seja muito menor do que
dentro dela.
Tais processos são comuns às células
procarióticas e eucarióticas, porém somente as células eucarióticas utilizam um
mecanismo chamado endocitose, que
consiste no englobamento de uma particula ou molécula pela membrana: ela
circunda a partícula, recobre-a e a conduz para dentro da célula. A endocitose
pode ser de dois tipos:
-
fagocitose, o qual envolve projeções celulares (pseudópodes) que englobam as
partículas, que são trazidas para dentro da célula, e
-
pinocitose: ocorre invaginação da membrana plasmática, o que faz com que o
líquido celular seja trazido para dentro dela, juntamente com as substâncias
dissolvidas nele.
Figura 5: Fagocitose.
Texto de autoria de: Helena Pistune e Stella Maris Salazar.
Corrigido pela professora Dra. Albertina Soares (Tina).
Referências
bibliográficas:
TORTORA,
G. et al. Microbiologia. 10 ed. Porto Alegre, Artmed. 2012. p. 89 – 100.
<https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSj4WyDAQYx4cst5HOEFxKc_FQLgf2OYt1ra_4jPVpLPEw7p5begCvzKBfNER3kMITyCd0URDKp_I6R8pKa4ZdFdMsgH2sxpE446lHuziYSWAScl-i8GWN7MX5A4lpnS9UqC05nljdpKU/s1600/fagocitose.jpg>
Acesso em 07 mai 2013.
<http://html.rincondelvago.com/membrana-plasmatica.html>
Acesso em 07 mai 2013.
<https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJWaw3U4Jd1ZlWH_A0PYNiFfFFb_uUM1R_efz8qgeQXqfg88VGdYvnBcdQATbgbV7f1ptriFjeBmOHUPT6nGUUGL4V4Zbn8NAwBhzNkl4ktJnKoC-22zObcZekHeCCVQa3UHIuUHDlSQ1a/s400/structures.jpg>
Acesso em 07 mai 2013.
<http://www.biomania.com.br/bio/Imagens/50116/Fig01.GIF>
Acesso em 07 mai 2013.
Pessoal isso aqui pode ser um pouco mais além do assunto, mas achei interessante compartilhar com vocês,vejam: O papel dos carbohidratos(CHOs) da M.P.no reconhecimento célula-célula:
ResponderExcluirA habilidade de uma célula distinguir um tipo de célula vizinha de outra é um processo essencial para o funcionamento de um organismo. Por exemplo, isto é importante na organização das células em tecidos e órgãos em um embrião animal. Esta é também a base da rejeição de células “estrangeiras” pelo sistema imunológico, uma importante linha de defesa dos animais vertebrados.Os CHOs de membrana são usualmente pequenos, cadeias ramificadas com menos de 15 unidades de açúcar. Quando estão associados aos lipídios, formam os glicolipídios, e quando associados às proteínas,formam as glicoproteínas.Os CHOs de membrana servem como marcadores para distinguir um tipo de células de outro. Por exemplo, os 4 tipos sanguíneos humanos A, B, AB e O, refletem a variação nos CHOs presentes na superfície dos eritrócitos.
Fonte: http://pt.scribd.com/doc/2973271/Biologia-Membrana-Plasmatica-Parede-Celular
Comentado por: Caroline Ribas
É um complemento ao assunto, Caroline! É possível ter mais detalhes sobre os tipos sanguíneos nas disciplinas de Genética Geral e Imunologia. Obrigada pela contribuição!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirMe ajudou muito com lista de questões.